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O Cuidado Essencial nas Relações

  • Foto do escritor: Rodrigo Wentzcovitch
    Rodrigo Wentzcovitch
  • 1 de jun. de 2022
  • 7 min de leitura

No inicio a Humanidade vivia em pequenos agrupamentos que os Antropólogos apelidaram de Povos Caçadores e Coletores, pois eram povos cuja atividade exclusiva dependia da Caça, Pesca e Frutos que coletavam pelo Caminho. Eram pequenos povoados nômades de humanos que se deslocavam conforme as estações, ao acompanharem o movimento migratório de animais que lhe serviam de alimento.


Com o assentamento da Terra, os Povos fixaram-se ao desenvolverem a Agricultura e Pecuária, era o Inicio dos Primórdios da Civilização, ao se organizaram de modo a formarem as primeiras Cidades. Isso trouxe o desenvolvimento da escrita e comércio, que permitiram as Civilizações legarem suas descobertas por Várias Gerações. Desta primeira Civilização Organizada que Floresceu, passamos a chamar de Sociedades Agrícolas, já que sua subsistência e primórdios de tecnologias desenvolvidas, estavam voltados para o plantio e colheita.




E qual a razão desta introdução? Para explicar um pouco sobre a etimologia das palavras, isto é a sua Origem. Conforme o passar dos Séculos e incontáveis Civilizações Antigas e Atuais, muitas palavras novas foram criadas para traduzirem o sentimento e importância de sua época. Algumas inclusive acompanharam a nossa era. Por exemplo você sabia que a Palavra Felicidade, veio do Latim Felicitas e Félix que significam: Fértil, Frutífero, Afortunado e Florescer. Ou seja é provável que nossos Antepassados associassem “felicidade” com este processo de Cuidar da Terra, do Preparo, Cultivo e Semeadura, até o momento mais sublime da Colheita que proviam suas famílias. Um exemplo de palavra inventada em nossa era, apenas para complementar, é derivada da revolução tecnológica, a qual fazer um “Upgrade” seria atualizarmos a tecnologia existente, e agora vemos esta palavra inclusive sendo utilizada para relações humanas como: “na era da globalização, profissionais se preocupam com o upgrade de suas carreiras”.


Usando portanto desta Analogia gostaria de discorrer sobre algo que enxergo como algo simples e marcante de três palavras que servem para toda e qualquer forma de relacionamento, seja ela pessoal, familiar, corporativa ou profissional. Vamos então aos 3 C’s dos Relacionamentos que são em minha Visão. O “Cultivar”, o “Cativar” e por fim o “Cuidar” estes 3 C’s dos Relacionamentos se apurarmos a nossa visão, estão em tudo e por toda parte.


Vejamos abaixo como, o 1o.“C” de “Cultivar” é como tudo na Vida, que surge desde Objetos Inanimados, a Frutos, Pessoas e Relacionamentos. Nada nasce ou se forma sem antes um intenso Cultivo, que resulta em uma ação que pode ser a de Semear a Terra, de onde a palavra “Cultivar” realmente deriva em seu significado originário, ou do Cultivo de uma Amizade, ampliando e abstraindo um simbolismo mais profundo. Eu falei sobre objetos inanimados também, pois bem um lápis ou mesmo o papel sob o qual este texto foi impresso, são partes de um intenso cultivo de madeiras reflorestadas, isto é árvores. Como percebemos o Cultivo está por toda parte.

Falemos agora sobre o 2o.“C” o de “Cativar”, esta palavra em seu sentido lato significa “aprisionar ou acorrentar” mas em se tratando de relacionamentos humanos ou não, expressa um desejo em promover “laços de amizade” com uma pessoa ou mesmo animal. Ao cativar alguém estou estabelecendo um vinculo no qual o outro se liga a mim por uma afinidade estabelecida entre nós. Foi deste Cativar que Animais antes Selvagens como Lobos e Cavalos, se coligaram a Humanidade. Deste relacionamento de amizades formado é que nos tornamos úteis uns aos outros, trata-se de uma troca onde um sente a necessidade da presença do outro para sentir-se mais completo, ou diríamos agregar valor?! Assim se faz impar que em nossos relacionamentos nos preocupemos se estamos “cativando” as pessoas ao nosso redor, e se elas estão se sentindo “cativadas” por nossa presença. Sem o “Cativar” sem este elos da corrente que nos prende uns aos outros, passaríamos pela vida insensíveis as emoções e necessidade de vínculos afetivos que formam o conceito que entendemos por família, que no gênero humano se expande para além das fronteiras biológicas e que são a razão de nossa evolução e adaptação. Ou seja é a capacidade de cooperarmos que sem o “Cativar” nos seria praticamente impossível de nos relacionarmos.


Enfim o 3o.“C” é o do “Cuidar” seja da Terra, Plantas, Animais e até mesmo nós Humanos. Cujo relacionamentos precisam deste Cuidado essencial para se manterem, poderíamos até dizer que o “Cuidado” é a base de tudo o que existe, inclusive o amor que toca e une as formas, que as produzem ou reproduzem. Com o “Cuidado” fechamos o Ciclo ou Circulo iniciado pelo ato de Cultivarmos e após Cativarmos. Sem Cuidado nada na Vida ou na Terra jamais poderia Florescer e nem mesmo a “Felicidade” seja em Sentimento ou Palavra se quer existir. O Cuidado é infinito e eterno, pois acompanha a renovação de todos os ciclos de vida e relacionamentos, sem o Cuidado, a Terra adoece, a Semente fenece e o Humano padece. O Cuidado é esta manutenção intrínseca que nos acompanham em todas as nossas ações e relações. Muitos de nós sabem Cultivar e Cativar os relacionamentos, que em linguagem atual no meio Corporativo chamamos de “Networking”. Porém se esquecermos do Cuidado, da manutenção destes relacionamentos, sejam eles profissionais ou familiares, tendem a desaparecer como a Flor que desabrocha, mas que logo murcha sem água e adubo, ou “sem cuidados”.


Portanto fica aqui a dica para de modo simples melhorarmos nossos relacionamentos com as pessoas, amigos, empresa e com o próprio mundo ou planeta que habitamos. O Cuidado como conversamos resume dentro de si as etapas do “Cultivar e Cativar” sem nos esquecermos de sua “Manutenção Vital” ou tudo aquilo que construímos, plantamos e relacionamos será perdido. Que possamos a partir de agora olharmos para dentro de nós mesmos, observando quais são as áreas da nossa vida que estão requerendo de nós, mais Cuidados. E se desejar e puder, eu o convido para em casa refletir e escrever ao menos uma Meta com Prazo (pode ser mais de uma desde que tenha um prazo e você realmente a cumpra) para acontecer, em cada uma das suas 7 Saúdes que são: Física, Emocional, Intelectual, Profissional, Social, Espiritual, Financeira.


Exemplo: Saúde Física a partir de hoje farei caminhadas diárias de 20”.



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Diálogo da Raposa e o Pequeno Príncipe...

E foi então que apareceu a raposa:

– Bom dia – disse a raposa.

– Bom dia – respondeu educadamente o pequeno príncipe, que, olhando a sua volta, nada viu.

– Eu estou aqui, – disse a voz, debaixo da macieira...

– Quem és tu? – perguntou o principezinho. – Tu és bem bonita...

– Sou uma raposa – disse a raposa.

– Vem brincar comigo – propôs ele. – Estou tão triste...

– Eu não posso brincar contigo – disse a raposa. – Não me cativaram ainda.

– Ah! Desculpa – disse o principezinho. Mas, após refletir, acrescentou:

– Que quer dizer "cativar"?

– Tu não és daqui – disse a raposa.

– Que procuras?

– Procuro os homens – disse o pequeno príncipe.

– Que quer dizer cativar?

– Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam.

É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?

– Não – disse o príncipe. – Eu procuro amigos.

– Que quer dizer “cativar”?

– É algo quase sempre esquecido – disse a raposa.

Significa "criar laços"...

– Criar laços?

– Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim.

Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.

Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...

– Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também.

Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.

Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra.

Os teus me chamarão para fora da toca, como música.


E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo?


Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! – Mas tu tens cabelos dourados.


E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo, que é dourado, fará com que me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...


A raposa calou-se e observou muito tempo o príncipe:

– Por favor, cativa-me! disse ela.

- Eu até gostaria – disse o principezinho – mas eu não tenho

muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a

conhecer.


– A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa.

– Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.

Compram tudo já pronto nas lojas.

Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.

Se tu queres um amigo, cativa-me!

– Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.

– É preciso ser paciente – respondeu a raposa

– Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva.

Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.

A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.

Mas cada dia, te sentarás um pouco mais perto...


No dia seguinte o príncipe voltou.

– Teria sido melhor se voltasses à mesma hora – disse a raposa.

– Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais me sentirei feliz! Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!


Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:


– Ah! Eu vou chorar.

– A culpa é tua – disse o principezinho. – Eu não queria te fazer

mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

– Quis – disse a raposa.

– Então, não terás ganho nada!

– Terei, sim – disse a raposa – por causa da cor do trigo.


Depois ela acrescentou: – Vai rever as rosas. Assim, compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo.


O pequeno príncipe foi rever as rosas:[...]. E ao voltar dirigiu-se à raposa:

– Adeus... – disse ele.

– Adeus – disse a raposa.

– Eis o meu segredo:


É muito simples: só se vê bem com o coração.

O essencial é invisível aos olhos.


“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”



SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. em O Pequeno Príncipe

 
 
 

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